6/09/2024
Nayara Rosolen – Equipe CNU
Cerca de 220 estudantes da rede pública de ensino de Curitiba (PR) e região metropolitana se reuniram para a primeira fase do Debatedores Nota Mil, projeto que visa preparar os jovens para a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de forma oralizada. Os debates entre as 20 escolas participantes aconteceram no auditório do campus Divina Providência da Uninter, entre os dias 28 e 29 de agosto de 2024. A iniciativa é parte do Pré-Enem Uninter, promovido pelo centro universitário, em parceria com a Fundação Wilson Picler e o Instituto Eureka.
O uso do celular em sala de aula e a liberdade de expressão nas redes sociais foram os temas debatidos. De acordo com o professor Marlus Geronasso, que está à frente do projeto, a argumentação é a principal falha que os estudantes têm ao fazer um texto no modelo Enem, devido à ausência de repertório. Por isso, o foco está em provocar a reflexão sobre temas polêmicos e inquietantes, que fomentam a pesquisa. As temáticas são escolhidas dois meses antes do debate, mas apenas na véspera é que os estudantes descobrem se terão que fazer uma defesa contra ou a favor.
A banca de jurados foi composta pelos professores Antonio Thadeu Wojciechowski, Edilson Chaves, Osvaldo Siqueira e Marcelo Toniolo, a professora Regina Luque e a advogada Dra. Jenifer Garvin.
Oito colégios conseguiram uma vaga para a próxima etapa, de acordo com as pontuações conquistadas nas apresentações dos argumentos: Colégio Estadual Arlindo Carvalho de Amorim (496,40), Colégio Estadual Santa Cândida (488,20), Colégio Estadual Dom Orione (437), Colégio Estadual Professor Francisco Zardo (436,20), Colégio Estadual do Paraná (420,50), Colégio Estadual Santa Gemma Galgani (413,15), Colégio Estadual Júlia Wanderley (392) e Colégio Estadual Professor Narciso Mendes (391,60).
“[Avaliamos] muito pelo resultado que vemos. As citações filosóficas, históricas, sociológicas e literárias, os casos cotidianos, as falas que são buscadas em jornais de repercussão nacional, nos diversos veículos de comunicação e emissoras, [pois] significa que houve uma pesquisa. Eu percebo a alegria deles e o agradecimento tem sido contínuo, por ter participado e se autoconhecer também, porque é um processo autoconhecimento. Estar na frente de uma plateia e ter que falar, ser protagonista. Na verdade, a gênese do projeto é o protagonismo juvenil”, declara Geronasso.
Para o vice-reitor da Uninter e presidente da Fundação Wilson Picler, Jorge Bernardi, o projeto desperta no jovem “o desejo e capacidade de se manifestar em público”. “Nós estamos possibilitando e trabalhando para venhamos a ter estudantes que tirem nota mil [a máxima] na redação do Enem”, salienta.
Bernardi revela ainda que, além do aprendizado adquirido, os jovens concorrem a bolsas de estudo para a graduação, que serão concedidas para o primeiro, o segundo e terceiro colégio classificados na grande final, marcado para 1º de novembro de 2024, dia do aulão preparatório para o Enem. Os professores orientadores também recebem bolsas de estudo para a pós-graduação.
André Mariano, de 16 anos, conquistou o terceiro lugar da primeira fase com os colegas do Colégio Estadual Dom Orione. No primeiro ano do ensino médio, o jovem fez sua primeira apresentação e acredita que é uma oportunidade de conhecer “o outro lado da moeda”, com as trocas de pontos de vista nas defesas das instituições.
“Está sendo uma experiência maravilhosa, incrível, de muito conhecimento. Contribui para uma mudança, para termos uma mente mais aberta. Temos a mente muito fechada, nossas próprias opiniões, nosso próprio modo de dizer. E quando vemos aqui o pessoal dos outros colégios, descobrimos que tem diversas opiniões, um outro lado a ser estudado, e isso é essencial para evoluirmos sempre, tanto como pessoa quanto como sociedade”, afirma André.
Aos 18 anos de idade, a estudante do terceiro ano do ensino médio Maria Elisa Magalhães superou o nervosismo da apresentação em público e define a experiência como “gratificante”. Consagrada a capitã do time do Colégio Estadual Emílio de Menezes, a aluna conta que nunca teve a oportunidade de ocupar um lugar de destaque até então, e diz que todos têm um talento próprio, mas que nem sempre é visto e reconhecido dentro das escolas.
“Nem todos os jovens têm uma concretização ou uma profissão dos sonhos, uma carreira que que desejam seguir. A partir do momento em que entra em um ambiente universitário, vê que existe um universo e uma vida para fora do colégio. Pode ser que aquela pessoa esteja passando por um momento difícil, [mas] quando se olha dentro de um ambiente universitário, vê que a vida é muito mais e que pode, sim, crescer e brilhar em uma carreira própria, se transformando e sendo muito feliz”, conclui Maria Elisa.
A segunda etapa do projeto acontece nos dias 18 e 19 de setembro de 2024, no auditório do campus Garcez da Uninter, com os oito colégios classificados na primeira etapa. Os debates serão norteados por dois temas: “A aplicação da Lei nº 14.945/2024 – Novíssimo Ensino Médio – a partir de 2025, trará mesmo a solução para as dificuldades que as séries terminais da Educação Básica requerem?” e “O Senado Federal está discutindo um projeto de lei que pode aprovar a liberação da comercialização dos cigarros eletrônicos no Brasil a partir de 2025. Caso se transforme em lei, será benéfico à sociedade brasileira?”.
Edição: Larissa Drabeski
Créditos da fotografia: Nayara Rosolen